segunda-feira, 17 de março de 2014

Como saber se o bebé ficou satisfeito depois de mamar?

Uma das dúvidas mais frequentes das mães que amamentam é saber se o bebé ficou satisfeito depois de mamar. “Como é que eu sei que o bebé mamou o suficiente?”, “Será que está a passar fome?” “Mas será que ficou satisfeito?” Estas são das perguntas mais repetidas e transversais a praticamente todas as mães.

Ao contrário da alimentação por biberão, a amamentação não permite controlar a quantidade exata do leite que o bebé consegue ingerir. “O ideal seria que a mama tivesse um contador que contabilizasse a quantidade de leite produzida e a quantidade que o bebé mama!” Pois é, seria ótimo mas a natureza não programou o organismo para tal e o processo é bastante mais natural que isso.
Existem vários aspetos que as mães podem ter em conta para conseguirem dormir descansadas com a certeza de que o bebé está satisfeito.
Tempo do bebé à mama
Em primeiro lugar é importante desmistificar a questão de que o bebé tem de mamar 20, 30 ou 35 minutos. O que é errado! Alguns bebés só mamam 5 minutos e ficam satisfeitos. Bebés mais sonolentos provavelmente demoram mais tempo do que os bebés mais ativos e com vontade de mamar. Assim entende-se que existem vários fatores que interferem com o tempo que o bebé demora a mamar como: a atividade do bebé, a capacidade que ele tem para fazer uma adaptação adequada à mama e ainda a própria produção de leite materno. Efetivamente é importante controlar o tempo da mamada mas principalmente porque um bebé que está 40/45 minutos ou mais à mama pode estar a fazê-la de chucha o que não traz qualquer benefício.

Horário livre e quantidade livre
O bebé amamentado deve mamar em horário e quantidade livre. O que é que isto significa? Pode mamar agora e daqui a 2 horas reclamar novamente com fome. Provavelmente mamou uma menor quantidade e acabou por reclamar mais cedo. Também pode acontecer o seu bebé não acordar para mamar e aí deve ter atenção e não o deixar dormir mais do que 3 horas sobretudo nos primeiros dias de vida. Alguns bebés mais sonolentos podem não acordar o que não significa que os deixemos dormir. Dormir é importante mas ser alimentado também!

Mama tensa versus mama mole
Mas há mais aspetos a ter em conta para avaliar o sucesso da mamada. A mama em que o bebé mamou tem de estar mais leve e menos tensa no final em relação ao início da mamada, podendo até considerar-se que está “vazia”, isso significa que o bebé mamou e é natural que esteja saciado. Mesmo que o bebé esteja 45 minutos à mama se ela continuar igualmente tensa significa que o seu bebé não mamou.

Quantidade de urina e fezes
Olhe para a fralda do seu bebé e veja se tem muita ou pouca urina e controle minimamente a quantidade e cor das fezes. Um bebé que está a ser devidamente alimentado urina bem, uma urina amarela clara. As fezes são normalmente amarelas em forma de grânulos e deve produzir 4 a 5 vezes por dia. Estes são indicadores muito importantes a reter.

Controlo do peso
Para além disso o controlo do peso é fundamental. Não precisa de ter uma balança em casa, nem precisa de pesar o bebé todos os dias pois não vai saber interpretar o aumento de peso e a sua importância, no entanto, deve fazer esse controlo no centro de saúde ou com o seu pediatra de acordo com a sua recomendação. Se o bebé está a aumentar de peso de acordo com o esperado significa que está a ser bem alimentado.

Bebé feliz, confortável e dorme bem
Não se esqueça que o seu bebé pode chorar por outro motivo que não seja fome mas ele está feliz, confortável e dorme bem então está a ser bem alimentado. Descanse e desfrute!



segunda-feira, 10 de março de 2014

Posicionamento do bebé à mama

Na última publicação falamos sobre adaptação do bebé à mama e que sinais devemos observar para termos a certeza de que o bebé está a mamar. No entanto, para conseguirmos que este processo seja um êxito devemos criar um conjunto de condições.

Antes de colocar o bebé à mama deve promover um ambiente tranquilo, evitar locais ou situações que lhe possam causar stress. O bebé sente as suas inseguranças e ansiedade, tente descontrair, os seus sentimentos podem influenciar a sua predisposição para mamar. Lembre-se também que irá passar grande parte do seu dia a amamentar e a cuidar do bebé por isso adquira uma posição correta e confortável. Se optar por amamentar sentada escolha uma cadeira/ sofá onde tenha um bom apoio para as costas mantendo-as direitas e não se esqueça que os braços e pés também devem estar apoiados. Manter as costas direitas é sem dúvida fundamental por isso adeque a altura do bebé em relação à mama com almofadas, aproximando o bebé da mama e não o inverso.
Desde que se garanta uma adaptação à mama adequada e o conforto da mãe e do bebé estejam assegurados existem várias posições possíveis e nenhuma delas é mais válida que a outra, apenas em algumas situações específicas existem umas mais recomendadas que outras.
A maioria das mães portuguesas e em grande parte do Mundo preferem amamentar sentadas, na chamada posição tradicional em que o bebé é deitado com a cabeça virada para o lado em que vai mamar. Não significa que esta seja a mais adequada para o seu bebé. Experimente as outras e saberá!

 No caso de mães com bebés prematuros ou pequenos a posição tradicional invertida pode ser útil para facilitar a pega uma vez que a mãe fica com uma mão completamente livre para segurar e posicionar a mama e o bebé de acordo com as necessidades. É também preferido por muitas mães submetidas a cesariana pois o bebé não toca na região abdominal. Uma das grandes vantagens desta posição é permitir o esvaziamento da região da mama abaixo da axila, isto porque o não esvaziamento desta zona é causa é frequentemente de bloqueio dos canais por onde o leite passa o que pode causar vários problemas na mama.


 Pode parecer estranha esta posição em que o bebé fica como que sentado de frente para a mãe no entanto, tanto uma como outra são posições aconselhadas para bebés sonolentos e que têm dificuldade em manter uma pega eficaz, a primeira para o recém-nascido e a segunda para bebés maiores. Nesta posição, o recém-nascido não se sente tão aconchegado e quente e por isso fica mais tempo desperto e disposto a mamar.


 
 
 
 
 
A posição de deitada é muitas vezes eleita numa fase ainda de pós parto (normal ou cesariana) e também no período noturno. Para tornar a posição mais confortável, poderá apoiar a sua cabeça com 2 almofadas, evite apoiar sobre o cotovelo pois irá sentir o braço cansado. Não se esqueça de pensar em si e no seu conforto! Para evitar que o bebé se vire pode colocar um rolinho atrás das suas costas. Por ser uma posição tão confortável a mãe pode adormecer mais facilmente por isso certifique-se que o bebé não corre o risco de cair ou mesmo da mãe ficar sobre ele. É importante relembrar que o bebé deve dormir na sua própria cama!
Esta posição é ótima em caso de gémeos permitindo que sejam amamentados em simultâneo. Deverá colocar uma almofada grande debaixo das suas cabeças para que fiquem à altura da mama e as suas mãos devem ficar livres para apoiar as costas de cada um deles.

Durante os primeiros dias experimente as várias posições que propomos ou até outras que lhe pareçam confortáveis. Poderá variar a posição do bebé de mamada para mamada o que até pode ser benéfico porque permite mais facilmente que o bebé receba o leite produzido em diferentes zonas da mama. No caso do bebé conseguir esvaziar a mama por completo sem mudar de posição, não o faça pois não é necessário.
 Se encontrou a posição ideal para ambos, ótimo!  A amamentação deve ser um momento prazeroso e agradável para a mãe e para o bebé.
★★

quinta-feira, 6 de março de 2014

A adaptação do bebé à mama da mãe passo a passo

Como temos visto ao longo das últimas publicações existem vários fatores que contribuem para o sucesso da amamentação. A adaptação do bebé à mama quando pouco eficaz é uma das maiores e mais importantes dificuldades que podem condicionar significativamente o êxito da amamentação1.

Uma correta adaptação do bebé à mama permite que este consiga extrair o leite com menos esforço e aumenta significativamente a segurança da mãe e o seu conforto. Lembra-se quando dissemos que nos primeiros dias muitas mães pensam não ter colostro suficiente? A quantidade de leite é na maioria das vezes a suficiente, no entanto, o bebé não faz uma pega adequada e eficaz e consequentemente não consegue extrair o leite necessário para se satisfazer. A pega adequada do bebé à mama é mais confortável para a mãe tornando o momento mais prazeroso e prevenindo alguns dos problemas graves que podem surgir no decorrer da amamentação, como as gretas ou o ingurgitamento mamário.
Quando a pega é correta o bebé deve mamar não só no mamilo mas também na aréola, sendo o mamilo apenas uma terça parte do tecido em que o bebé mama2. Quando a adaptação do bebé à mama não é bem-feita a mãe sente dor o que não é suposto. Pode sentir dor quando o bebé inicia a sucção mas ao longo dos primeiros minutos essa dor dissipa-se, se mantiver dor durante a amamentação não considere normal, consulte um profissional habilitado, provavelmente está a necessitar de ajuda.
1.ª O bebé deve ser virado para a mãe ficando barriga com barriga, mantendo a cabeça sobre o seu antebraço de forma a ficar direita e alinhada com o resto do corpo e não com a cabeça virada de lado;

2.º Coloque o bebé com o nariz ao nível do mamilo, aproximando-o da mama a partir da parte debaixo do mamilo;

3.º Toque com o mamilo nos lábios do bebé. Quando alguma coisa toca nos lábios ou bochechas do bebé ele abre a boca e desvia-a procurando o que lhe tocou, trata-se do reflexo de busca;
4.º Espere até que o bebé abra bem a boca espontaneamente, sem forçar;
5.º Nessa altura aproxime o bebé rapidamente da mama e direcione o mamilo para o palato do bebé o que fará com que ele inicie a sucção e quando estiver a boca cheia ele deglute;
6.º O queixo do bebé encosta à mama. O nariz deve ficar livre mas pode encostar, depende do tamanho do bebé e do tamanho da mama.
7.º O lábio inferior está virado para fora e vê-se mais a aréola da parte de cima do que a de baixo.
8.º Pode-se ver e ouvir a deglutição.
 
Todo este processo pode parecer quase instintivo, no entanto exige que haja aprendizagem por parte da mãe e do bebé. Pegar no bebé, posicioná-lo e conduzi-lo para uma adaptação à mama eficaz pode não ser fácil e comprometer o êxito da amamentação. Esteja atenta e peça ajuda sempre que necessário para que se sinta segura, confiante e acredite no sucesso da amamentação.
Reveja este vídeo que esquematiza passo a passo a adaptação do bebé à mama.

http://www.youtube.com/watch?v=DQj-Mn0c370

★★


1 Levy, Leonor; Bértolo, Helena; Manual de Aleitamento Materno, Edição Revita 2008; Comitê Português para a UNICEF/Comissão Nacional.
2Brito, H. et al, Experiência do aleitamento materno, Acta Pediátrica Portuguesa 2011; 42(5): 209-14.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O dilema da alimentação da mãe e a amamentação

Durante a amamentação surgem inúmeras dúvidas. Algumas delas relacionadas com a influência que os alimentos que a mãe ingere têm no bebé. “Alergias? Cólicas? Será que o que eu como é o melhor para o meu bebé?”. Dúvidas como estas fazem com que as mães modifiquem a sua dieta na tentativa de aumentar a qualidade e quantidade do leite materno produzido para promover o ótimo crescimento e desenvolvimento do seu filho. Estas alterações da dieta são, na sua maioria, baseadas em mitos e crenças e não em evidência científica1 

Efetivamente é importante ter em conta que a composição dos alimentos que a mãe ingere passam, em parte, para o leite materno e desta forma vão influenciar as suas caraterísticas, nomeadamente o seu sabor. Para além disso, tendo em conta que a flora intestinal do recém-nascido ainda é imatura, sofre influências de acordo com a alimentação materna refletindo-se por exemplo nas cólicas. Estes dois factos por si só devem ser tidos em conta para que a mãe esteja atenta à reação do bebé de acordo com aquilo que comeu previamente, mas não significa que não coma logo à partida por pensar que vai fazer mal ao bebé sem ter experimentado.
Sabe-se que existem alimentos como o tomate e os citrinos (laranja, tangerina, etc.) que podem tornar as fezes mais ácidas causando vermelhidão na região do anús e algumas leguminosas como o grão e o feijão podem causar alterações no trânsito intestinal. Alimentos mais alérgenos como morango, chocolate ou marisco podem causar alergia ao bebé surgindo manchas no seu corpo. No entanto, os estudos científicos realizados até à data não comprovaram que estes alimentos são prejudiciais para o bebé quando ingeridos em quantidade moderada1.
Os alimentos mais condimentados, com sabor mais intenso como com caril ou açafrão, intensificam o sabor do leite pelo que pode notar que o recém-nascido gosta ou não destas influências, apreciando mais ou menos o seu leite. Podem também causar alterações intestinais e causar uma vermelhidão na região do ânus na sequência da alteração da constituição das fezes, que pode aparecer um a dois dias depois da ingestão do leite.  A ingestão destes condimentos por parte da mãe não está, no entanto, contraindicada.
Há quem acredite, sobretudo em algumas culturas, que alguns alimentos como o bacalhau ou a cerveja preta sem álcool podem aumentar a produção de leite no entanto não existem, até à data, estudos que comprovem esse efeito1.
Diversifique a sua alimentação! Atualmente sabe-se que o contacto do recém-nascido com os diferentes sabores relacionados com a diversidade de alimentos ingeridos pela mãe influência de forma positiva o sucesso aquando da diversificação alimentar do bebé. Este estará mais bem preparado para aceitar um conjunto de novos sabores que vai conhecer pela primeira vez quando aos 4 ou 6 meses de vida começar a comer as papas e sopas.
Alimentos com baixo valor nutricional, como o café, chocolate, doces, bebidas gaseificadas, alcoólicas e com cafeina fazem parte de um grupo de alimentos inadequados do ponto de vista nutricional e que devem ser evitados não só pela mãe que amamenta mas também durante qualquer outra fase da vida1.
O café por exemplo, tão apreciado pela maioria das pessoas, é estimulante e pode influenciar o comportamento do bebé e o seu trânsito intestinal. Se tem de beber café para se sentir melhor tente reduzir ao máximo o consumo e faça-o logo após amamentar e de preferência de manhã até à hora do almoço para que não interfira com o período noturno. Atenção ao consumo de álcool assim como outras adições que trazem consequências nefastas ao sistema nervoso central e ao desenvolvimento do recém-nascido.
Deve também ter em atenção medicamentos (mesmo de venda livre) e antibióticos porque a maioria é incompatível com a amamentação e é prejudicial para o bebé. O importante é informar sempre o seu médico ou um profissional qualificado que está a amamentar para que este prescreva ou recomende medicação compatível com a amamentação.
Nada de dilemas! Simplifique! O importante é ter uma alimentação saudável, diversificada e equilibrada, sem evicção à partida de qualquer alimento específico. Não existem alimentos proibidos para a mãe que amamenta, tudo depende da reação do seu bebé e isso vai percebendo ao longo do tempo, à medida que o vai conhecendo melhor. Não necessita de comer por dois, coma o suficiente para se sentir saciada e beba cerca de 1,5 litros de água por dia.
Esqueça as crenças e mitos e acredite numa alimentação saudável!
★★


1Ferreira, R. et al, Amamentação e a dieta materna. Influência de mitos e preconceitos, Acta Pediátrica Portuguesa 2010; 41(3): 105-10.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A magia do leite materno

O leite artificial em pó é sempre igual, tem sempre as mesmas caraterísticas, aquelas que vêm no rótulo. O leite materno apresenta caraterísticas diferentes do início ao fim da mamada, bem como ao longo do crescimento do recém-nascido. Esta magia confere ao recém-nascido todos os benefícios de que já falamos. O leite materno é mágico!

Nos primeiros dias após o parto a mãe produz o primeiro leite, o colostro. Muitas pensam que aquelas gotinhas de uma substância amarela e espessa ainda não é leite mas sim uma “aguadilha” não suficiente para satisfazer as necessidades do bebé. Há que relembrar que no primeiro dia de vida, o estômago do bebé tem o tamanho de uma cereja com capacidade para 5 a 7ml. Este primeiro leite é rico em proteínas e anticorpos (enzimas que protegem de infeções e alergias), têm um efeito laxante e fornece fatores de crescimento que ajudam na maturação do intestino. Não o desperdice, o colostro é fundamental!
Após alguns dias, 1 a 4 dias, quando acontece a chamada “subida de leite” a mãe começa a produzir um leite uma maior quantidade de um leite mais branco e fluido, este é o leite maduro que vai alterar a sua composição ao longo do crescimento do bebé.

Constituição do leite maduro:

- 90% Água (suficiente para a hidratação do bebé);
- Proteínas: responsáveis pela defesa imunitária;
- Lípidos: importantes no desenvolvimento cerebral e ocular;
- Colesterol: essencial para desenvolvimento dos nervos e células;
- Glícidos: o principal açúcar do leite materno que confere sabor adocicado ao leite, fornece calorias e mantem a flora intestinal segura;
- Vitaminas.
 
Ao longo da mamada o leite materno também se vai alterando, fazendo uma analogia à alimentação do adulto, é como se o bebé comesse a entrada, o prato principal e a sobremesa. Sabia? Em primeiro lugar o bebé suga o leite anterior, mais azulado, produzido em maior quantidade e constituído por proteínas, lactose e grande quantidade de água: o pãozinho com manteiga seguido por um belo bife do lombo. No final, o leite posterior é mais branco e composto essencialmente por gordura que fornece ao bebé energia, permite manter a criança saciada mais tempo: uma fatia de bolo de chocolate deliciosa. Para atingir esta saciedade fornecida pelo leite posterior exige que o bebé mame até estar satisfeito numa mesma mama para que a possa esvaziar. Ainda há quem acredite que o bebé deve mamar 10 minutos em cada mama. Errado! Deve mamar numa mesma mama até estar satisfeito ou até a mama estar completamente vazia e aí sim pode oferecer a outra mama. Imagine o que é oferecer ao seu bebé duas entradas e parte do prato principal, privando-o de uma refeição completa, entrada, prato principal e sobremesa, depois de uma hora já estará a chorar com fome pois não terminou a sua refeição.

★★
 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mitos da amamentação

As vantagens da amamentação são inúmeras como já vimos, no entanto sabe-se que a amamentação está envolvida num turbilhão de sentimentos, dúvidas, receios e até pressões sociais. Atualmente todos partimos do pressuposto que a mãe quer amamentar porque é o melhor para ela e para o seu bebé. Nem sempre é assim, amamentar nem sempre é fácil! Há partilhas de experiências pessoais, estórias e muitos mitos que podem comprometer o sucesso da amamentação e a predisposição da mãe para o fazer.
 
Esclarecer todas as dúvidas, ter alguém que apoie nos momentos mais difíceis e que desmistifique todas as ansiedades vai ajudar e muito! Recorra a quem sabe! Muitas vezes os nossos familiares e amigos querem ajudar mas os seus conhecimentos e a forma como os transmitem pode ainda dificultar mais o processo.
Alguns centros de saúde têm um “Cantinho da Amamentação” ou mesmo que não tenham têm profissionais com formação na área. Fale com o seu obstetra! Fale connosco! Estamos à distância de um click!
Para ajudar a desmistificar algumas dúvidas e receios vamos falar de alguns dos mitos mais frequentes e que ouvimos inúmeras vezes. Alguma vez lhe passou pela cabeça algum destes pensamentos?

Justificação
 “O meu leite é fraco.”
“O leite é aquoso e não alimenta.”
“Se os bebés mamarem muito significa que o leite não é suficiente.”
“Já não tenho a mama tensa se calhar o meu leite não é suficiente.”
“A minha mama é pequena, não deve ter leite suficiente.”

 
O leite materno não é forte nem fraco é o alimento mais adequado e completo que podemos oferecer ao bebé. Quase todas as mães podem produzir leite suficiente para um ou mesmo dois bebés.
Em geral, mesmo quando a mãe pensa que não tem leite suficiente, seu bebé está de facto a receber tudo o que necessita.
Pode acontecer que o bebé não receba leite materno suficiente, não que a mãe não o produza mas sim porque o bebé não o recebe, talvez porque, por exemplo, a adaptação à mama não é eficaz. Peça ajuda!
O tamanho da mama não é importante.

 
“A produção de leite só começa passados três dias.”
“Até ter leite tenho que dar leite artificial?”
“O leite artificial é como o leite materno.”
O leite materno não tem sempre as mesmas características, varia ao longo da mamada e ao longo do crescimento do recém-nascido. O leite produzido nos primeiros dias, o colostro, tem um aspeto transparente/amarelo mas é muito rico em proteínas e anticorpos maternos entre outras características, é ótimo e o alimento mais completo e adequado para o recém-nascido.
Apenas 2 a 3 dias depois do nascimento o leite materno começa a ter um aspeto mais branco e fluído. O leite materno é um alimento vivo e por isso tem muitos benefícios impossíveis de substituir pelo leite artificial.
“Se tiver mamilos planos ou invertidos não posso amamentar?”
Existem várias técnicas que estimulam os mamilos invertidos ou pouco proeminentes para que fiquem mais proeminentes. Não se esqueça que o bebé mama na mama (aréola e mamilo) e não só no mamilo. Não é de todo uma contraindicação para a amamentação.
“Fiz um aumento mamário posso amamentar?”
“Fiz uma redução mamária posso amamentar?”
As mães com próteses mamárias de silicone e as que fizeram redução mamária podem amamentar. Não há qualquer contraindicação, no entanto por vezes o procedimento cirúrgico danifica ou bloqueia os ductos e afeta os nervos sensitivos da mama, o que faz com que a amamentação seja mais difícil. O melhor é mesmo experimentar amamentar e ver como se sente.
 “O bebé tem de mamar de três em três horas?”
“Se der mama sempre que o bebé pedir vai ficar mal habituado?”
“Para ter mais leite tenho que beber mais leite?”
“Sempre que o bebé chora é fome?”
A quantidade de leite que os seios produzem depende parcialmente de quanto o bebé suga e de quanto leite ele retira. Quanto mais o bebé suga mais leite é produzido. A maioria das mães inicialmente pode produzir mais leite do que o seu bebé necessita mas à medida que os dias passam o organismo vai produzir o suficiente para satisfazer as necessidades do recém-nascido. O bebé alimentado exclusivamente à mama chora sempre que tem fome, no entanto, não se esqueça que não reclama apenas com fome e pode chorar por outros motivos.
 
“Está calor por isso vou dar água e chá ao meu bebé.”
Sobretudo na época quente pensa-se que o bebé pode sentir sede, no entanto um bebé amamentado devidamente nunca tem sede uma vez que o leite materno tem a quantidade de água suficiente independentemente do clima em que se encontra. Cerca de 90% da constituição do leite materno é água. O bebé alimentado de leite artificial também não necessita de água até à diversificação alimentar. Mesmo para o tratamento de cólicas ou obstipação os chás estão desaconselhados. Ao oferecer ao seu bebé outros líquidos vai diminuir a sua produção de leite uma vez que o bebé vai mamar menos.
“Se não amamentar o primeiro filho, não consegue amamentar o segundo.”
A amamentação depende de vários factores. As vivências do primeiro filho e do segundo filho podem ser diferentes e por isso a experiência da amamentação será diferente também. Uma primeira experiência sem sucesso não implica obrigatoriamente que a segunda também o seja.  
“É normal que a amamentação seja dolorosa?”
Amamentar nem sempre é fácil, sobretudo nos primeiros dias pode até ser doloroso. Caso esta dor se prolongue por muito tempo provavelmente algo está errado e talvez seja o seu bebé que não está a fazer uma pega adequada. Não é suposto que a amamentação seja dolorosa.

 Existem muitos mitos para além destes. A melhor resolução para qualquer dúvida, medo ou ansiedade é sem dúvida falar com um profissional competente, experiente e formado na área. Amamentar numa fase inicial pode não ser fácil e muitas vezes não o é mas quando a amamentação está estabelecida é das experiências mais gratificantes para a mãe e para o bebé.
★★
 

 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Porquê amamentar?

Ao longo das últimas décadas a alimentação do recém-nascido tem sofrido várias alterações. A amamentação sempre foi a escolha n.º1 mesmo que a mãe não produzisse leite suficiente as chamadas amas-de-leite garantiam que o bebé fosse amamentado. “A industrialização, a II Guerra Mundial, a massificação do trabalho feminino, os movimentos feministas, a perda da família alargada, a indiferença ou ignorância dos profissionais de saúde e a publicidade agressiva das indústrias produtoras de substitutos do leite materno”1 tiveram como consequência a diminuição dos bebés amamentados em detrimento dos bebés alimentados com leites artificiais. As consequências foram gravíssimas no que respeita à mortalidade infantil e por esse motivo a partir da década de 70, sobretudo as mulheres mais informadas contrariaram essa tendência e retomaram gradualmente a prática do aleitamento materno.

Nos dias que correm a amamentação está na ordem do dia, é promovida constantemente pois está associada a um sem número de benefícios para a mãe e para o bebé. Sabemos hoje que o leite materno é um “alimento vivo, completo e natural, adequado para quase todos os recém-nascidos, salvo raras excepções”1 .
Vivemos uma época em que valorizamos a saúde, a rapidez de execução, a segurança, o tempo e a rentabilização de recursos. A amamentação é o método mais económico, seguro e prático para alimentar o bebé pois é biológico não necessita de ser manuseado, já está preparado e à temperatura ótima. Para além disso existem um conjunto de vantagens específicas para a mãe e para o bebé, nós enumeramos algumas:
Para o bebé:
- Previne meningites e infeções gastrintestinais, respiratórias e urinárias;
- Tem um efeito protetor sobre as alergias;
- Previne vómitos e diarreia;
- Melhora a adaptação a outros alimentos;
- A longo prazo previne diabetes e linfomas;
- De fácil digestão o que se traduz em menos cólicas;
- Melhora o desenvolvimento mental do bebé;
-O ato de mamar na mama melhora a formação da boca e o alinhamento dos dentes.

Para a mãe:
- Facilita a involução uterina;
- Reduz a probabilidade de cancro da mama.

Para ambos estimula o vínculo mãe-filho, promove o contato pele com pele e olhos nos olhos que como vimos em publicações anteriores transmite segurança, sentimento de pertença contribuindo para um bebé mais calmo e uma mãe mais confiante e menos ansiosa.

Viva o aleitamento materno!
★★ 

 

1 Levy, Leonor; Bértolo, Helena; Manual de Aleitamento Materno, Edição Revita 2008; Comitê Português para a UNICEF/Comissão Nacional